O seminário do setor privado acontece em Fortaleza. O economista Carlos Takashi, representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apresentou um estudo sobre “As empresas e os trabalhadores(as) do setor de petróleo e gás no Brasil e a mobilização no setor privado” durante o Seminário do Setor Privado, realizado nos dias 21 e 22 de Março em Fortaleza, Ceará. Takashi destacou seis principais pontos das problemáticas enfrentadas pelo Setor Privado e delineou propostas para superá-las.
Elencando as dificuldades enfrentadas pelo setor, Takashi abordou questões como a representatividade, filiação, negociações coletivas, estrutura de atuação e avanço nos direitos dos trabalhadores. Entre os avanços registrados desde o último ano, o economista mencionou melhorias nos contratos, especialmente nos planos de saúde e odontológicos, além do aumento das filiações e da criação de departamentos dentro dos sindicatos.
No entanto, Takashi também ressaltou as problemáticas existentes que devem ser superadas, apeliando de “zonas cinzentas”, tais como brigas territoriais e disputas entre representações sindicais. Um ponto de destaque foi a análise dos setores das empresas prestadoras de serviços para a Petrobrás, onde a diversidade de serviços dificulta a identificação clara de quem é considerado “petroleiro”.
“As principais discrepâncias entre o setor privado e os contratados pela Petrobrás incluem diferenças na remuneração e estabilidade, além de escalas distintas de atuação”, destacou.
Confira abaixo apresentação realizada pelo economista Carlos Takashi:
2024.03.21_Seminario_Setor_Privado_DIEESE
O segundo palestrante da mesa, Radiovaldo Costa, diretor do Sindipetro Bahia, apresentou propostas de organização sindical, enfatizando a necessidade de garantir a presença de diretores e diretoras do setor privado nas direções sindicais, criar uma comissão nacional das entidades sindicais para levantar informações detalhadas sobre as empresas da base de atuação e adotar medidas jurídicas para garantir a representação sindical dos trabalhadores.
Entre as propostas levantadas estão a unificação de vantagens, benefícios e direitos dos trabalhadores do setor privado de petróleo, resolução de conflitos na representação sindical e implementação de uma comunicação sindical voltada para o setor privado e prestadoras de serviço.
Por fim, Radiovaldo provocou uma reflexão sobre pontos que devem ser superados, tais como acordos nacionais x regionais, acordos coletivos x convenções coletivas, acordo por empresa x acordo por contrato, e sindicalização automática x sindicalização tradicional. Esses questionamentos visam orientar o debate e as futuras ações do setor.
O Seminário do Setor Privado destaca-se como um espaço fundamental para o diálogo e a construção de estratégias que visam a melhoria das condições de trabalho e representação dos trabalhadores do setor de petróleo e gás no Brasil. Atualmente, a Petrobrás opera apenas 33% da produção de petróleo e gás em terra, enquanto o setor privado é responsável pelo restante, chegando a 90% em março. Em 2022, a Petrobrás declarou ter 45 mil trabalhadores próprios, enquanto o setor privado contava com 51 mil.
[Por Nathan Camelo, Sindipetro Ceará]