Sindipetro Bahia questiona benefícios da privatização da RLAM e defende reestatização da refinaria baiana
dezembro 1, 2022 | Categoria: Notícia
Após um ano da privatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) é possível afirmar que a Bahia e os consumidores baianos perderam, e muito. Hoje o estado nordestino tem o combustível mais caro do Brasil e há desabastecimento do gás de cozinha no mercado.
Para o Sindipetro Bahia, a manutenção da RLAM como empresa privada vai prejudicar ainda mais a economia baiana. Por isso, a entidade sindical defende a reestatização da refinaria baiana no futuro governo Lula, assim como mais investimentos para modernizar o seu parque de refino, levando a 100% da sua capacidade de processamento.
“Queremos uma refinaria incorporada ao conjunto das outras refinarias da Petrobrás, que tenha preço justo para o consumidor, que gere empregos e que garanta o abastecimento pleno de derivados, não só da Bahia, mas também contribuindo para o abastecimento do país, em especial do Nordeste”, explica o Diretor de Comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva já anunciou que irá modificar a política de preços da Petrobrás – o PPI (Preço de Paridade de Importação), que atrela os preços dos combustíveis no Brasil ao preço do barril de petróleo no mercado internacional e ao dólar – e que é responsável pela disparada dos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha no país.
Essa mudança vai resultar na redução dos preços dos combustíveis no Brasil, exceto na Bahia. A Acelen, criada pelo grupo árabe Mubadala para administrar a RLAM, ao contrário da Petrobrás, não produz petróleo. A empresa precisa comprar o produto no mercado internacional, pagando em dólar. “A Acelen tem seu próprio PPI, que é mais perverso com o consumidor do que o da Petrobrás porque ela não tem margem para fazer nenhum tipo de mudança nos preços, exatamente porque não produz e precisa comprar o que vende”, esclarece Radiovaldo.
“Se a Petrobras acabar com o PPI e reduzir os preços dos combustíveis no Brasil, como tudo indica que vai acontecer, como ficará a Bahia já que a Acelen não vai seguir o mesmo caminho da Petrobrás? Se hoje a gasolina, o diesel e o gás de cozinha já estão mais caros do que no restante do país, essa diferença vai aumentar muito mais”, alerta o Coordenador do Sindipetro, Jairo Batista.
Gasolina cara leva a inflação mais alta
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é mais uma prova dos prejuízos da privatização da RLAM. O IPCA da Região Metropolitana de Salvador (RMS) foi de 6,44%, acima do examinado no Brasil (0,53%), se mantendo a segunda maior prévia da inflação do país. Um dos itens que mais pesaram nessa inflação foi o aumento da RLAM.
Além do aumento da inflação, a refinaria privada pode gerar o efeito colateral do desemprego. Isto porque há uma tendência, como já ocorre hoje com o diesel, de grandes consumidores e redes de postos de combustíveis comprarem os derivados de petróleo em outros estados, como em Pernambuco, por exemplo, onde a refinaria pertence à Petrobrás e vende combustíveis mais baratos do que os comercializados pela Acelen, na Bahia. No caso da gasolina, mesmo com a redução do seu preço nacionalmente, em função da redução do cálculo do ICMS, a gasolina da Bahia continua sendo a mais cara do Brasil. Os baianos pagam R$ 0,50, por litro, a mais do que o restante do país.
Para o Sindipetro, esse conjunto de fatores justifica a reestatização da RLAM, a primeira refinaria da Petrobrás e a segunda do Brasil em capacidade de processamento. “Esperamos que isto aconteça em 2023, quando a Petrobrás completa 70 anos, para que a economia da Bahia, estado onde a Petrobrás nasceu, possa se recuperar e que os baianos não sejam obrigados a continuar pagando o combustível mais caro do Brasil, devido ao monopólio privado do petróleo”, enfatiza Radiovaldo.
Fonte – Imprensa Sindipetro Bahia
Tag: Acelen, Bahia, dólar, ICMS, Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, petrobras, PPI, Região Metropolitana de Salvador, RLAM