ACT conquistado na greve é aprovado nos 14 sindicatos da FUP. Agora é organizar a luta para os desafios de 2026
dezembro 30, 2025 | Categoria: Banner Principal
Respeitando a democracia operária e acatando a decisão soberana das assembleias, a FUP priorizou o tempo todo a negociação, o que evitou os riscos do julgamento do dissídio no TST. Além de garantir os três eixos de luta da campanha reivindicatória, a greve petroleira colocou em xeque o autoritarismo da gestão Magda e reafirmou a independência política e a autonomia sindical, mesmo em um governo que tem o apoio e a participação dos petroleiros
[Da comunicação da FUP]
Com 446 votos, cerca de 90% dos 495 trabalhadores e trabalhadoras que participaram nesta terça, 30, da assembleia convocada pelo Sindipetro NF, a greve foi suspensa na Bacia de Campos. Com isso, todas as bases da FUP finalizaram as assembleias, com aprovação do Acordo Coletivo de Trabalho do Sistema Petrobrás, que foi conquistado na luta, após mais uma greve histórica da categoria petroleira.
A força da mobilização e a negociação sindical fizeram a Petrobrás apresentar uma proposta de ACT, em meio à greve, com avanços significativos em relação à segunda contraproposta, que a empresa havia tratado como definitiva. Além de garantir os três eixos de luta da campanha reivindicatória – fortalecimento de direitos, solução para os PEDs e negociação da Pauta pelo Brasil Soberano, a greve petroleira colocou em xeque o autoritarismo da gestão Magda.
Enfrentamento com a gestão Magda
Com garra e coragem, a categoria não sucumbiu aos desmandos da presidenta da Petrobrás, sobretudo quando ela ignorou as principais reivindicações e atacou os trabalhadores com medidas unilaterais em plena negociação coletiva. “A maior conquista dessa greve foi quebrar a blindagem que havia na gestão Magda perante o governo do presidente Lula”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, lembrando que esse enfrentamento começou muito antes do dia 15 de dezembro, quando a categoria iniciou o movimento paredista.
A greve foi uma resposta ao impasse criado pela gestão Magda, quando começou a desrespeitar os petroleiros e as petroleiras, enfraquecendo o diálogo com as organizações sindicais e colocando em risco a relação de confiança durante o processo de negociação coletiva. Essa situação ficou ainda mais explícita durante as interlocuções da empresa na greve, quando a FUP e as coordenações dos sindicatos realizavam reuniões diárias de avaliação do movimento e das alternativas para tentar resolver o impasse de forma negociada.
No final do sexto dia de greve, sábado, 20/12, a direção da Petrobrás começou a retroceder nas tratativas que vinham sendo feitas e aprovou ingressar com dissídio coletivo de greve no dia 23. Em resposta, a FUP lançou nota pública na manhã seguinte, cobrando o retorno formal da empresa à mesa de negociação e a apresentação da proposta que vinha sendo discutida com as lideranças sindicais.
Democracia operária
Em meio ao esgotamento dos canais de negociação e à iminência da judicialização da greve, os 30 integrantes da direção colegiada da FUP e mais de 60 dirigentes dos 14 sindicatos filiados se reuniram no Conselho Deliberativo, nos dias 21 e 22 de dezembro, para decidir sobre a proposta formalizada pela Petrobrás e subsidiárias. “O indicativo de aceitação foi uma construção coletiva, com a participação de mais de 90 dirigentes. Os nossos atos e decisões não são individuais. Sempre buscamos a construção do consenso, mas, quando isso não é possível, vale a posição da maioria”, explica da diretora da FUP e do Sindipetro Unificado, Cibele Vieira.
Foi isso o que aconteceu, quando nove sindicatos entenderam a necessidade de indicar a aprovação do acordo conquistado, quatro indicaram a rejeição e um sindicato não se posicionou. Para tomar a decisão pela aprovação da proposta, as direções sindicais se basearam nas avaliações diárias feitas durante a greve e de todo o processo de negociação, que envolveu não só interlocutores da empresa, mas também atores externos, como lideranças de outras categorias e de movimentos sociais, parlamentares e ministros, na busca pela intermediação junto ao governo federal.
Mesmo após o indicativo do CD, a direção da FUP seguiu pressionando a gestão do Sistema Petrobrás para que mantivesse a integralidade da proposta para os seus sindicatos que seguiram na greve, buscando reabrir o diálogo para as pautas locais, de forma a evitar o dissídio e garantir o mesmo tratamento em relação aos dias parados e ao compromisso de não punição dos grevistas.
Acúmulo de forças
Esta campanha reivindicatória, sem dúvida alguma, foi uma das mais complexas, com aprendizados importantes para o acúmulo de forças da categoria petroleira. A FUP e seus sindicatos reafirmaram a independência política e a autonomia sindical, organizando e liderando mais uma greve nacional em um governo que tem o apoio e a participação dos trabalhadores e das trabalhadoras. A FUP também não fugiu à sua responsabilidade como principal organização nacional da categoria petroleira, respeitando a democracia operária e acatando a decisão soberana das assembleias. Sem deixar nenhum sindicato para trás, a entidade priorizou o tempo todo a negociação, em vez da judicialização, buscando os caminhos possíveis para que a greve não fosse criminalizada, o que evitou os riscos do julgamento do dissídio no TST.
Agora é hora de fortalecer a organização da categoria para os desafios que os petroleiros e as petroleiras enfrentarão em 2026. Com a assinatura do ACT 2025/2027, a FUP e seus sindicatos terão novas negociações já no início do ano, como a PLR, o novo plano de cargos e salários e a mediação no Tribunal de Contas da União (TCU) da proposta para resolver de uma vez por todas os equacionamentos da Petros. Além disso, 2026 será um ano de disputa acirrada com a extrema direita, durante o processo eleitoral, que afeta diretamente o futuro do Sistema Petrobrás. E a categoria petroleira sabe muito bem que lado escolher.
Luta e negociação: o desfecho da campanha reivindicatória
27/11 – Conselho Deliberativo da FUP indica greve nacional, caso a Petrobrás não atenda os três eixos de luta categoria e suspenda os desimplantes e demissões no E&P;
02/12 – em evento na Refinaria Abreu e Lima com participação do presidente Lula, FUP cobra da presidenta Magda respeito aos trabalhadores e atendimento dos três eixos da campanha reivindicatória;
03/12 – sindicatos da FUP iniciam assembleias para aprovação da greve;
09/12 – Petrobrás apresenta segunda contraproposta, sem atender os três eixos de luta;
10/12 – FUP retoma vigília nacional em frente ao Edisen, pelo fim dos PEDs; FUP destaca insuficiências da contraproposta;
15/12 – categoria petroleira inicia greve nacional no Sistema Petrobrás; FUP intensifica pressão junto à gestão da Petrobrás e ao governo, por um nova contraproposta, que atenda aos três eixos de luta;
17/12– greve amplia e no terceiro dia já tem adesão de trabalhadores de todas as refinarias e de 28 plataformas
20/11 – durante reunião diária de avaliação da FUP com as coordenações dos sindicatos, as lideranças sindicais são informadas que a gestão Magda autorizou o ingresso de dissídio coletivo de greve;
21/12 – FUP divulga nota pública, cobrando o retorno da Petrobrás à mesa de negociação; empresa apresenta uma nova proposta e Conselho Deliberativo da FUP se reúne para avaliar; CD é suspenso no final do dia, enquanto FUP busca avanços em reivindicações não atendidas;
22/12 – Petrobrás atende maioria dos pontos cobrados, Conselho Deliberativo é retomado e indica a aprovação da terceira contraproposta e suspensão da greve;
23/12 – bases de 9 sindicatos da FUP aprovam nas assembleias os indicativos do CD; vigília no Edisen é encerrada, após avanço nos três eixos centrais da luta;
24/12 – proposta da Petrobrás é rejeitada em MG, NF, CE, ES e Caxias e greve continua nessas bases; FUP segue buscando saída para o impasse por via negocial, enquanto jurídico da empresa se movimenta em Brasília para ingressar com dissídio coletivo;
26/12 – após ajustes redacionais e extensão do acordo dos dias parados, assembleias aprovam proposta e suspendem a greve em 4 das 5 bases sindicais; greve prossegue no NF e Petrobrás ingressa com dissídio no TST; FUP continua buscando solução negociada para o impasse;
27/12 –TST concede liminar favorável à Petrobrás, determinando efetivos mínimos de 80% nas unidades em greve e multa de 200 mil aos sindicatos; audiência de conciliação é marcada para o dia 02/01 e julgamento do dissídio para o dia 06/01; no final do dia, atendendo a Embargos de Declaração feitos pelo Sindipetro NF, o ministro-presidente do TST determinou à Petrobrás que apresente o número do efetivo operacional por unidade, cargo e função;
29/12 – após intermediação da FUP, Petrobrás garante manter a proposta de ACT e cartas-compromisso para trabalhadores do NF, se greve for suspensa;
30/12 – com 90% dos votos de cerca de 500 trabalhadores, assembleia no NF aprova proposta da Petrobrás e suspende greve.


