Do “Chão de fábrica” à “Ilha das Flores”: PetroCine projeta vidas invisibilizadas
maio 19, 2025 | Categoria: Banner Principal, Notícia
O casarão da Ladeira da Independência, número 16, continua a pulsar com arte, reflexão e luta. O PetroCine — cineclube organizado pelo Coletivo LPC (Luta Petroleira pela Cultura e Cidadania) e apoiado culturalmente pelo Sindipetro Bahia — promoveu duas sessões marcantes na semana passada, reafirmando o poder do audiovisual como instrumento essencial de conscientização política e mobilização social.
A primeira exibição foi o clássico curta “Ilha das Flores” (dir. Jorge Furtado), filme que mesmo lançado há mais de três décadas segue tão necessário quanto impactante. A obra percorre, com ironia afiada e ritmo implacável, o trajeto de um tomate até o lixo — e, de lá, até a mesa (ou quase isso) de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. A sessão foi escolhida para dialogar com o Dia Internacional da Reciclagem (17 de maio) e contou com a participação especial de Magda de Almeida, da Coordenação da Unisol Bahia, do Consórcio Ambiental Ecorecicla+ e da coordenação estadual do Programa de Formação Paul Singer (SENAES/MTE).
Durante o debate, Magda provocou o público a refletir sobre a interseção entre consumo, exclusão e sustentabilidade. “Quando falamos de reciclagem, não podemos esquecer que o problema não está apenas no destino do lixo, mas na lógica que descarta pessoas junto com os resíduos”, afirmou. O público reagiu com falas emocionadas e inquietas, reafirmando a atualidade brutal do filme — uma denúncia da barbárie capitalista que, ao ser exibida, se transforma também em um convite à ação.
A segunda sessão da semana foi igualmente potente: o curta “Chão de Fábrica” (dir. Nina Kopko), que levou os presentes ao coração da luta operária feminina no Brasil. Ambientado durante as greves do ABC no final dos anos 1970, o filme revela, a partir de um vestiário feminino, as dores, dilemas e resistências de quatro operárias metalúrgicas. A exibição teve como debatedora Elizabete Sacramento – primeira mulher eleita coordenadora geral do Sindipetro Bahia e integrante do Coletivo LPC – cuja trajetória na militância sindical deu ainda mais força ao debate.
Elizabete destacou a importância de revisitar memórias invisibilizadas pela história oficial: “Esse filme nos lembra que as mulheres estavam lá, lutando, sofrendo, resistindo. Não podemos aceitar que nossas histórias continuem sendo apagadas”. A conversa girou em torno da persistência das desigualdades de gênero nas relações de trabalho e da importância da memória para fortalecer a consciência de classe.
Com pipoca, refrigerante e sala cheia, o PetroCine segue afirmando seu lugar como um espaço de formação política e cultural. Mais do que assistir a filmes, o projeto propõe vivenciar coletivamente experiências que ampliam a visão crítica sobre o mundo do trabalho, as opressões estruturais e as alternativas construídas na luta.
O PetroCine é uma iniciativa do Coletivo da Luta Petroleira pela Cultura e Cidadania (LPC) e “foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia (PGBA), com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura do Governo Federal. A PGBA foi criada para garantir ações emergenciais de apoio ao setor cultural, em cumprimento à Lei Complementar n° 195, de 8 de julho de 2022.”
As sessões são gratuitas e abertas ao público, na Ladeira da Independência, 16, Nazaré. Fique atento à programação e venha refletir conosco. Porque diante do inaceitável, calar é consentir.
📽️🎞️ Próxima sessão:
Nesta quarta-feira (21), às 14h30, acontece a exibição de mais um filme no PetroCine. Não fique de fora!
📢 Entrada gratuita! Sala sujeita à lotação.
Endereço: Ladeira da Independência, 16, Nazaré