Horizontes de carreiras
A consultoria da Petrobrás fez uma apresentação com foco no horizonte de carreira em cargo permanente, tema da segunda reunião temática da Comissão de Plano de Cargos. A apresentação teve como base metodologias e referências de autores estrangeiros e brasileiro que estudam processos remuneratórios e modelagem de carreiras em empresas e organizações.
A FUP lembrou que pesquisa feita pela entidade com cerca de 1800 trabalhadores do Sistema Petrobrás, entre julho e agosto do ano passado, apontou que 76% dos entrevistados não conseguem enxergar a diferença entre as atribuições de profissionais Junior, Pleno e Sênior, o que reflete a insatisfação dos trabalhadores com a atual modelagem do plano de cargos. Um diagnóstico que também é resultado da mudança de ênfase imposta pelo PCR e da redução drástica dos efetivos próprios.
As representações sindicais reiteraram que é necessário reduzir o máximo possível a subjetividade dos critérios de avaliação para avanço de nível, o que tem gerado discriminação entre homens e mulheres e distorções gritantes em relação à velocidade com que as pessoas percorrem suas carreiras, umas com mais e outras com menos mobilidade, apesar de terem as mesmas atribuições.
A assessoria do Dieese da FUP lembrou que o PCR faz parte de um pacote de modelo de empresa enxuta (resultado das privatizações), focada na individualidade (e não no coletivo), centralizadora (muito controle nas mãos dos gestores) e que não negociava com os trabalhadores.
Se no passado a Petrobrás se orgulhava do seu corpo técnico e fazia questão de ressaltar que o processo de formação de um operador levava 5 anos, após a Operação Lava-Jato, a empresa reduziu drasticamente o tempo dos cursos de formação e passou a exigir um trabalhador cada vez mais obediente e com valores focados na meritocracia.
A FUP enfatizou que se a atual gestão da Petrobrás quiser recuperar o sentimento de pertencimento do seu quadro, precisa voltar a valorizar os trabalhadores e as trabalhadoras. A proposta unitária construída pela FUP e pela FNP tem entre suas principais premissas que as metas e as avaliações sejam construídas de forma coletiva e participativa, ou seja, envolvendo os empregados e não de cima para baixo.
Ao final da reunião, a FUP cobrou o adiantamento do calendário das próximas reuniões, de forma a tornar mais efetivo e objetivo o debate. “O que está posto na negociação do plano de cargos do Sistema Petrobrás é a disputa do orçamento da empresa. Hoje um trabalhador da Petrobrás não tem perspectivas de chegar ao topo da carreira dele. A disparidade entre o PCAC e o PCR aprofunda ainda mais essa situação”, afirma Tezeu Bezerra, reforçando o alerta de que a efetividade da luta por um plano de cargos justo para todos vai depender do grau de mobilização da categoria.