PetroCine promove duas sessões especiais no Julho das Pretas
julho 31, 2025 | Categoria: Banner Principal, Notícia
O projeto PetroCine – Tela da Memória Petroleira, promoveu duas sessões neste Julho das Pretas, em parceria com o coletivo Pretas pelo Clima, com o objetivo de dar visibilidade e promover o debate sobre as lutas das mulheres negras e suas relações com o trabalho, o meio-ambiente e sua própria existência. As sessões, propostas pelo Setor de Políticas Específicas do Sindipetro Bahia e conduzidas pela diretora da pasta, Marilda Brandão, ocorreram nos dias 24 e 30 de julho, na Subsede da Cultura e Cidadania do sindicato, em Salvador.
No evento mais recente, nesta quarta-feira (30), houve a exibição do filme O Teu Cabelo Não Nega (2017), produzido por Gabriela Rocha, que documenta a Marcha do Cabelo Crespo, ocorrida naquele ano em São Paulo, na Avenida Paulista. O filme dialoga com diversas mulheres negras em seu processo de construção de identidade política a partir da transição capilar, fortalecendo a estética afro como símbolo de identidade negra e resistência.
Após a exibição, houve um debate mediado por Karol Duarte, representando a Pretas pelo Clima, em que participaram a coordenadora geral do Sindipetro-BA, Elizabete Sacramento, e a supervisora técnica do DIEESE-BA, Ana Georgina Dias, homenageada anteriormente na primeira edição do Prêmio Pétalas de Benguela – Mulheres Negras de Destaque, premiação criada pelo sindicato para enaltecer aquelas que representam e simbolizam a luta das mulheres negras.
As debatedoras contaram detalhes de sua relação com o próprio cabelo, pontuando a sua importância para a autoestima e para a afirmação de sua identidade. “Para a mulher negra, quando a gente se resolve com o cabelo, abre uma perspectiva muito importante em nossa vida”, afirmou Ana Georgina. “Nossa existência e a nossa presença em determinados lugares é uma das maiores formas de militância, temos que constranger o racismo”, arrematou.
Elizabete ressaltou a importância do uso político do cabelo crespo. “É libertador poder afirmar a nossa identidade”, definiu, pontuando que são vitórias obtidas com muita luta social. “Muito do que conquistamos foi através de embates, foi na unha, na briga, pois muitas vezes o mínimo de respeito nós não recebemos”, lamentou. “A luta não cessa, a gente luta por nossa identidade”, acrescentou a mediadora Karol.
A plateia também participou do debate, discutindo temas como o eugenismo, as dificuldades das mulheres negras no mercado de trabalho, em especial nos processos de seleção, a estética branca como padrão da sociedade brasileira e o racismo presente em tecnologias como o reconhecimento facial.
O PetroCine é um projeto realizado pelo Coletivo da Luta Petroleira pela Cultura e Cidadania (LPC), com apoio do Sindipetro-BA. Sua primeira temporada, com 13 sessões, foi financiada pela Paulo Gustavo Bahia (PGBA), com a segunda temporada já confirmada através de apoio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).
Pescadoras em Rede retrata as mulheres pesqueiras da comunidade da Gamboa, em Salvador
A primeira sessão do PetroCine no Julho das Pretas, ocorrida no dia 24 de julho, exibiu o filme Pescadoras em Rede (2022), dirigido por Lucas Ribeiro e Luísa Caria. O documentário, uma produção da Trama, busca valorizar as riquezas socioculturais da Gamboa, retratando suas práticas ancestrais e cotidianas, seus modos de vida e as relações comunitárias em meio a uma cidade que tem seu planejamento urbano pautado pelas retiradas de comunidades negras e tradicionais das áreas de interesse turístico.
O debate, posterior à exibição do filme, foi também mediado por Karol Duarte, do coletivo Pretas pelo Clima. Ao seu lado, fizeram parte da mesa Ana Caminha, da Associação de Moradores da Gamboa, e Zara Rodrigues, coordenadora-geral da Trama. “Estamos tomando para nós o que é nosso”, comentou Ana Caminha sobre as denúncias de invasão em seu bairro. “A gentrificação vai chegar na sua casa se você estiver sozinho. Mas se nos dermos as mãos, a gente constrói a história da forma que ela tem que ser, com direitos iguais para todos, de morar onde quiser morar”, defendeu.