Sindipetro denuncia ao Ministério Público do Trabalho risco de outro acidente fatal com aeronave na Plataforma de Manati, na Bahia
junho 17, 2022 | Categoria: Notícia
O Sindipetro Bahia denunciou ao Ministério Público do Trabalho da 5ª Região (MPT) o desrespeito à vida e o descumprimento da lei e de normas regulamentadoras por parte da Petrobrás no que diz respeito às questões que envolvem o acidente que aconteceu na manhã do dia 16/03 com um helicóptero (prefixo PR-LCT) que transportava empregados da Petrobrás de Salvador para a Plataforma de Manati (PMNT1), localizada na bacia de Camamu, na região do baixo-sul da Bahia. O acidente feriu doze trabalhadores e matou o piloto da aeronave.
A entidade sindical pede a intervenção do MPT e que o órgão tome providências e faça diligências para apurar a denúncia, pois há riscos que outro acidente similar aconteça. O Sindipetro solicita também que o MPT exija que a Petrobrás mostre o atual resultado das investigações porventura realizadas até o momento e apresente medidas preventivas para evitar novos acidentes.
Para a entidade sindical, é uma temeridade a retomada dos voos para a plataforma a partir do dia 15/06, como programou a Petrobrás
O voo do dia 15 acabou não ocorrendo devido ao mau tempo, mas a aeronave decolou nos dias 16 e 17/06, levando trabalhadores terceirizados apavorados, sendo que entre eles havia dois sobreviventes da queda da aeronave. Um deles não teve condições psicológicas de embarcar no helicóptero. Imagine se os gatilhos mentais dos colaboradores fossem acionados durante o voo? Como eles iriam ser contidos na aeronave?
Chegou ao conhecimento do Sindipetro que os trabalhadores próprios da Petrobrás não estão embarcando nos voos porque os médicos da empresa avaliaram que o acidente é muito recente e que eles ainda não têm condições psicológicas para isto. Mas os terceirizados estão entregues à própria sorte sendo obrigados a embarcar. Apesar da Petrobrás dizer que está disponibilizando atendimento psicológico, na prática isto não funciona, pois os terceirizados acidentados estão pagando do seu próprio bolso ou utilizando o plano de saúde para fazer consultas com especialistas.
No dia marcado para o primeiro voo, os diretores do Sindipetro, Alexandre Freire e Gilson Sampaio compareceram ao embarque para conversar com os trabalhadores e informaram sobre a notificação feita pela entidade sindical ao MPT e também que o sindicato procurou a ANAC e a Capitania dos Portos para denunciar sobre as reais condições da aeronave e embarcação de apoio à plataforma.
Perigo iminente
Há divergências em relação à queda da aeronave. Enquanto a Petrobrás fala em pouso forçado, os trabalhadores relatam que houve uma “queda livre” do helicóptero por conta de defeito que, inclusive, sofria por falha de comunicação via rádio com a central.
Na denúncia apresentada ao MPT, a assessoria jurídica do Sindipetro ressalta que chegou ao conhecimento do sindicato que a gerência do contrato da Petrobrás com a empresa Líder (dona da aeronave envolvida no acidente) e a Gerência Geral da UN-BA tiveram conhecimento (verbal e por escrito) que a aeronave já havia apresentado falhas anteriormente, tendo, inclusive, realizado um pouso forçado em Valença, e mesmo assim deram continuidade aos voos.
Um dos motivos que não justifica a pressa da Petrobrás de retomar os voos, e que também está presente na denúncia formulada pelo Sindipetro, é que desde o acidente não houve voos para Manati, contudo a plataforma continuou com suas atividades normais, uma vez que esta é uma plataforma desabitada, não tendo sido projetada para receber trabalhadores em sistema de habitação ou turno, sendo monitorada e operada remotamente pela Estação Vandemir Ferreira (Mataripe, São Francisco do Conde/BA), como está sendo feito desde a data do acidente.
Em reunião com a gerência da Petrobrás no dia 19/05, o Sindipetro solicitou que antes de ser retomado o programa de voos para a Plataforma fosse realizado um simulado com cenário idêntico ao voo realizado no dia do acidente, uma vez que foi identificado problemas de: defeito na aeronave; falha na comunicação; fragilidades dos planos de emergência; falhas no resgate de vítimas no mar, entre outros. Contudo, a Petrobrás se negou a realizar o voo simulado.
No entanto, a Petrobras necessitou realizar um simulado ambiental logo depois do acidente e o helicóptero de prefixo PR-LDV apresentou indisponibilidade/defeito durante o exercício. Ou seja, a aeronave não conseguiu completar os trabalhos do simulado devido ao defeito.
Portanto, diante da insegurança do meio de transporte ofertado pela Petrobrás não há qualquer motivo que justifique a ida de trabalhadores à Plataforma, ainda mais quando a plataforma foi projetada para operar remotamente.
Até que as investigações sejam concluídas e seja apontada, de forma transparente, a real causa do acidente e sejam tomadas as devidas providências para evitar novos acidentes não há condições para novos voos para a Plataforma de Manati.
Fonte- Sindipetro Bahia
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